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sábado, 29 de janeiro de 2011

Oferta.

Saiba que eu vejo além disso, além de seus piercings e suas tatuagens que te deixam com uma aparência tão hostil. Sim, eu gosto. Gosto dessa brutalidade, esse monte de metal e esses desenhos servem como uma armadura, mas eu vejo, eu vejo além disso. Você está rindo, por quê? Por que eu também tenho essas coisas? É verdade, eu tenho. Mas eu sou diferente, sou sim! Os demônios que tantam te assombram, eu, eu aprendi a viver com eles, eu aprendi a dominá-los. Claro, eu paguei um preço, mas será que não valeu a pena? Eu sou forte, esses olhos... você gosta deles? São angelicais, não são? São, mas esses olhos não sabem o que são lágrimas. Você chora, rapaz? Eu sei que sim, eu vejo além disso. Mas eu não, eu deveria chorar, o normal das moças é chorar, e muito, mas eu não. Eu sou dura, dura feito pedra, esse seu coração, óh o que é isso? Ele está sangrando? Você quer curar essas feridas, meu jovem? Eu posso te curar, eu posso te ensinar a ser como eu, mas tudo tem um preço, ah não fique com medo, não sou nenhum diabo, não quero tua alma. Eu só quero abrir sua mente. Já fui assim como você, sabia? Eu já chorei, já sofri, já quis morrer. Alguém machucou meu coração, não era alguém qualquer, porque na verdade nunca fui tão sensível. Talvez seja isso, eu nunca fui normal. Ou era? Porque sinceramente nunca acreditei muito nisso, garoto, nesse lance de amor e felicidade, nunca acreditei em ninguém. Aliás, não acreditava nos sentimentos, mas sim nas pessoas. Por isso alguém qualquer não me ganharia, porque eu me encantava fácil pelas pessoas, é verdade, mas pra transformar esse encantamento em algo mais era difícil, quer dizer, essa foi a única vez que aconteceu, você me entende? Eu era ingênua, sim e muito. Só que então eu senti isso, eu amei, eu chorei, eu escrevi coisas belas, eu me entreguei, eu me destrui. Porque no final é isso que aconteceu, eu mesmo me destrui porque fui eu que acreditei em todas as palavras doces, em todas as ilusões, é. Sabe, menino, é assim que as coisas são, nós somos os verdadeiros responsáveis por tudo que nos acontece. Se sofremos, é porque buscamos o nosso sofrimento. Não me olhe assim, deixa eu abrir sua mente, não se feche dentro desse peito, desse amor, ele machucou seu coração, e o que eu fiz a você? Só quero ajudar, você ainda escolhe o amor? Me escolha, rapaz. 

sábado, 15 de janeiro de 2011

Caso.

Temo ser só novamente. Escondo meus medos, minhas loucuras e pensamentos, o que sinto e o que quero em um local que até mesmo eu esqueci. Mas será que eu já não estou sozinha? Sinto todos os toques, escuto todas as palavras, porém elas voltam vazias, já não sinto o aconchego de seus abraços, nem vejo meu reflexo dentro de seus olhos. Talvez nossa chama fora finita, talvez ela já tenha se apagado, ou nem tenha existido.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Refúgio.

Eu ainda não havia visto seu sorriso, porém eu já o sentia.
Suas palavras davam gargalhadas que me dominavam por inteiro, eu estava presa a tudo que você tinha a me dizer, mas eu não sabia que era tanto. Eu queria, as palavras tem força, não?
Gritava que parasse, mas já se tornara um vício, eu tinha sede, eu tinha sede de você.
Buscava sedenta aquele que me satisfaria, eu tinha tanto amor pra dar, tanta atenção, afeto, carinho. Mas cadê você pra despertar todos esses sentidos adormecidos, endurecidos, escondidos, trancados, dentro do meu lugar seguro? Dentro do meu quarto escuro. Eu me tranquei dentro de mim mesma, guardei tudo que sentia, palavras, meras palavras, incríveis palavras era a minha forma de fugir, eu buscava compreenssão. Fugir de tudo, toda dor, todo incomodo, vazio. Gritos e mais gritos, meus demônios, meus perversos e lindos demônios.
Entretanto eu te vejo e todos os meus instintos de amar são acordados. Meus olhos são ofuscados pelo brilho do seu sorriso, o mais lindo sorriso. E eu me sinto segura, protegida em seus braços.